508 ANOS DA REFORMA PROTESTANTE “SEMPER REFORMANDA”
508 ANOS DA REFORMA PROTESTANTE “SEMPER REFORMANDA”
“Ecclesia reformata, semper reformanda secundum verbum Dei”
No dia 31 de outubro de 1517, o monge Martinho Lutero afixou suas 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, na Alemanha. Não pretendia fundar uma nova religião, mas chamar a Igreja ao arrependimento. A Reforma Protestante nasceu do clamor de um homem que ousou desafiar um sistema religioso que havia se desviado da essência do Evangelho: a salvação pela graça, mediante a fé, em Cristo somente (Ef 2.8,9).
Lutero reagiu contra uma Igreja que vendia indulgências, isto é, pagamentos em troca do perdão dos pecados. O povo, iludido, acreditava que poderia comprar o favor de Deus com moedas, enquanto o clero transformava a fé em negócio. Era a fé mercantilizada, o altar transformado em balcão e o Evangelho em produto.
O movimento pentecostal, nascido no início do século XX, foi uma das expressões mais vivas da herança reformada: a fé no poder do Espírito Santo e na autoridade absoluta da Bíblia.
Cinco séculos se passaram, e a reforma é lembrada em sermões, congressos e publicações. Contudo, de que adianta celebrar a Reforma se ainda repetimos os mesmos erros que ela denunciou?
Na Idade Média, se vendiam indulgências; hoje vendem-se ingressos para cultos e conferências. Ontem se trocava o perdão por moedas; hoje se promete prosperidade por ofertas. Lutero combateu a ideia de que o homem poderia comprar o céu, no entanto, a teologia da barganha voltou com outro nome e outra embalagem. Outrora, o fiel era ensinado que precisava pagar para se livrar do purgatório. Hoje, muitos são levados a crer que, para ser salvo, precisam pagar o dízimo, e que, para fazer parte da igreja de Cristo, é preciso seguir usos e costumes locais, como se somente aquela denominação conduzisse ao céu, desprezando outras comunidades igualmente fiéis à Bíblia, ainda que com práticas diferentes. Ter tradições não é o problema, o problema é transformá-las em critério de salvação, assim esquecem-se de que usos e costumes são expressões culturais temporárias, mas as doutrinas bíblicas são verdades eternas, como a graça, a fé, o arrependimento e a santidade, são imutáveis, são da Palavra eterna de Deus. Quando invertemos essa ordem e colocamos as tradições humanas acima da Escritura, nos afastamos da cruz.
Assim como Lutero clamou por um retorno à Palavra, nós também precisamos nos reformar a cada dia, não nos altares de pedra, mas no altar do coração. Uma reforma que nos faça lembrar que não há preço para o perdão, não há ingresso para a presença de Deus e não há tradições que substituam o novo nascimento.
Celebrar a Reforma sem viver seus princípios é como guardar o retrato de um avivamento sem permitir que o Espírito sopre novamente.
Os cinco pilares da Reforma continuam atuais e urgentes:
Sola Scriptura – Somente a Escritura é a autoridade final, não tradições humanas;
Sola Fide – Somente pela fé somos justificados, não por regras ou méritos;
Sola Gratia – Somente pela graça somos salvos, não por práticas religiosas;
Solus Christus – Somente Cristo é o mediador entre Deus e os homens;
Soli Deo Gloria – Somente a Deus pertence toda a glória.
O verdadeiro protestante não é aquele que protesta contra os outros, mas contra tudo que afasta a Igreja de Cristo. Enquanto houver púlpitos que transformam ministério em negócio e salvação em moeda, a reforma ainda não terminou, enquanto a fé for vendida, o Evangelho será ferido, e enquanto a graça for trocada por prestígio, a Reforma ainda será necessária.
— Rafael Assiz
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