A TEOLOGIA ESTÁ TE FAZENDO MAL OU BEM?

A TEOLOGIA ESTÁ TE FAZENDO MAL OU BEM?

A fé verdadeira não é soberba, mas amor (Gl 5.6). O zelo sem amor sufoca, mas a verdade vivida em amor edifica (Ef 4.15).

Existe um perigo sutil que ronda aqueles que se aprofundam na Escritura: o de transformar o fogo do zelo em gelo de arrogância. O que antes era paixão por Jesus pode se tornar somente paixão pela razão; o que antes era lágrima de devoção pode se transformar em olhar crítico e seco.
A questão central já não é se alguém crê em Jesus Cristo, o Filho de Deus, mas sim a qual linha teológica pertence. A Bíblia, que deveria nos arrancar lágrimas e conduzir à adoração, passa a ser apenas objeto de estudo, como se Deus fosse um sapo em laboratório e não o Deus vivo que fala conosco.
Assim, multiplicam-se os caçadores de hereges. Em cada púlpito, em cada vídeo, buscam erros para atacar. E, nessa obsessão, deixam de ouvir a voz do Espírito, que se revela também na simplicidade. Comparam suas igrejas locais a pregadores da internet, esquecendo-se de que a graça de Deus se manifesta no lugar onde fomos plantados. E tratam como ignorantes os que pensam diferente, sem lembrar que até ontem pensavam da mesma forma.
E é de partir o coração perceber que, muitas vezes, quando ainda não tínhamos conhecimento teológico, chorávamos nos cultos, sentíamos a presença de Deus de maneira tão real e nos deixávamos quebrantar pelo Espírito. Havia em nós uma sincera admiração e respeito pelo pastor local que, com zelo e amor, sempre cuidou do rebanho. Agora, porém, é comum vermos muitos se encantarem mais com pregadores virtuais, homens distantes, que sequer conhecem nossas lutas ou já se colocaram de joelhos para interceder por nós.
Antes, os cultos de ensino eram prioridade, fonte de aprendizado e alimento espiritual. Hoje, podemos achar que ninguém mais tem autoridade para ensinar, como se já tivéssemos alcançado toda a verdade.

Mas eu creio, de todo o coração, que a verdadeira teologia não nasce somente dos livros ou da razão; ela nasce de joelhos dobrados e de lágrimas derramadas diante do Senhor, onde o coração se rende e o amor é maior do que a vaidade.
A Escritura nos adverte: “O conhecimento ensoberbece, mas o amor edifica” (1 Cor 8.1). A medida da fé não é a profundidade de nossas opiniões, mas a profundidade de nosso amor.
Cristo não nos chamou para sermos juízes dos irmãos, mas testemunhas do Evangelho. A espada da Palavra foi dada para ferir o pecado, não para mutilar o corpo de Cristo.
Voltemos, pois, ao primeiro amor. Que nossas lágrimas voltem a regar as páginas da Escritura, que nossos olhos voltem a se erguer ao Senhor, e que o amor seja maior do que a vaidade da razão.
No fim, diante do trono, não nos será perguntado qual linha teológica seguimos, mas se amamos a Jesus com todo o coração, toda a alma e todo o entendimento.

— Rafael Assiz


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