QUANDO A FÉ PARECE INSUFICIENTE, ONDE ESTÁ A SUA ESPERANÇA?

QUANDO A FÉ PARECE INSUFICIENTE, ONDE ESTÁ A SUA ESPERANÇA?

Você já se perguntou o que mantém um homem ou uma mulher de pé quando tudo ao redor parece ruir? Quando as orações não têm respostas imediatas, quando os ventos da vida sopram contrários, o que sustenta a alma?

A Bíblia nos mostra duas forças espirituais inseparáveis: fé (πίστις – pistis) e esperança (ἐλπίς – elpis). A pistis não é somente acreditar em algo, mas confiar com todo o ser no caráter de Deus, como quem lança sua vida sobre um fundamento sólido. Já a elpis não é um otimismo humano, mas uma expectativa viva e firme no futuro de Deus, ancorada na ressurreição de Cristo.
A fé e a esperança são como duas colunas invisíveis que sustentam a existência cristã. Não são meros sentimentos ou emoções passageiras, mas forças que fortalecem e projetam sua vida para o futuro eterno. A Escritura as apresenta inseparáveis, quase como irmãs que caminham juntas no mesmo horizonte da salvação.
A fé, segundo Hebreus 11:1, é “a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos”. É um olhar que ultrapassa o visível, que ousa crer no invisível, que não se contenta com o imediato, mas confia na fidelidade de Deus, ainda que todas as circunstâncias gritem o contrário. A fé, portanto, não é ilusão, mas adesão radical à realidade maior: o Deus que prometeu é fiel para cumprir.
A esperança, por sua vez, é o fruto que nasce da fé. Paulo escreve em Romanos 8:24: “Pois nessa esperança fomos salvos; mas a esperança que se vê já não é esperança. Quem espera por aquilo que está vendo?”. A esperança é o olhar para o futuro escatológico; é a certeza de que a história não terminará em tragédia. Enquanto a fé nos firma no presente, a esperança nos arrasta para o futuro de Deus.
Ambas se encontram na cruz e na ressurreição de Cristo. Na cruz, a fé contempla o escândalo do sofrimento como triunfo da graça; na ressurreição, a esperança enxerga a promessa de um mundo redimido. “A fé é o princípio da união com Deus, mas a esperança é o que mantém o coração do homem em movimento” é exatamente este dinamismo que sustenta o cristão em meio ao caos.

Viver pela fé e pela esperança é desafiar a lógica imediatista do mundo. O homem contemporâneo confia no que pode medir e espera somente aquilo que pode prever. Mas o cristão acredita no impossível, porque conhece o caráter do Deus da promessa.
Assim, fé e esperança não são fugas da realidade, mas mergulho na realidade última. Elas nos tornam peregrinos que caminham não pelo que veem, mas pelo que creem; não pelo que já possuem, mas pelo que esperam. No meio das trevas da noite, a fé é a tocha que ilumina o caminho; a esperança é a aurora que anuncia o dia.
Sem fé, a vida cristã é somente religião morta. Sem esperança, o coração se torna um deserto árido. Mas juntas, fé e esperança apontam para a verdade gloriosa de Colossenses 1:27: “Cristo em vocês, a esperança da glória”.

Então, permita-me perguntar a você: em meio às suas lutas, onde estão ancorados seus olhos? A fé olha para o invisível hoje; a esperança já vislumbra a eternidade amanhã. Ambas se encontram na cruz, onde Cristo venceu a morte, e na ressurreição, onde Ele nos garantiu vida abundante.

— Rafael Assiz 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

“NÃO TEMAS” ESTÁ MESMO 366 VEZES NA BÍBLIA?

CRONOLOGIA DA PÁSCOA: O CAMINHO DO CORDEIRO

RELIGIOSIDADE EXAGERADA E EMOÇÕES OCULTAS: QUANDO A APARÊNCIA ENGANA