O SILÊNCIO DOS QUE SERVEM

O SILÊNCIO DOS QUE SERVEM

“Fiquei em silêncio, mesmo quando o que eu dizia teria sido certo. Mas o sofrimento aumentou ainda mais dentro de mim.”
(Salmo 39.2).

Quantos hoje vivem esse mesmo silêncio que corrói?

Há dores que não gritam. Há guerras que não estampam o rosto, mas sangram a alma. Muitos homens e mulheres de Deus caminham com passos firmes sobre púlpitos e diante da sociedade, mas carregam dentro de si tempestades que ninguém vê. São líderes, pastores, intercessores, professores, cantores, missionários, guerreiros da fé, que, ao mesmo tempo, em que sustentam outros, lutam para não desabar por dentro.
A crise interior de um servo de Deus é, muitas vezes, silenciosa. Por fora, uma aparência forte, estável e serena. Por dentro, um coração esvaziado de confiança, sobrecarregado de dúvidas, e com os olhos cansados de enxergar quem não enxerga sua dor. Guardam em si tentações, angústias, medos e frustrações porque sentem que não têm com quem abrir o coração. A desconfiança se tornou escudo: “Se eu falar, vão julgar. Se eu expor, futuramente podem usar contra mim.” E assim, permanecem calados.

A verdade é que nem todo mundo que ouve, ouve com amor. Há ouvidos que não sabem guardar, línguas que ferem mais do que curam, olhares que acusam ao invés de acolher. Mas também é verdade que Deus nunca deixou de ter um Samuel no caminho de um Saul perturbado, um Natã para um Davi arrependido, um Barnabé para um Saulo recém-transformado. Sempre há alguém, ético, espiritual e bíblico, preparado por Deus para ouvir sem julgar, corrigir com amor, e orar com verdade.
Se você é esse homem ou mulher de Deus que sofre em silêncio, saiba: o Senhor conhece as câmaras do seu coração. Nenhuma lágrima derramada escondida está fora do alcance dos olhos do Pai. Ele entende o que você nem consegue verbalizar. Como diz Paulo: “Porque não sabemos orar como convém, mas o Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Romanos 8.26). Na sua crise, Deus é sua segurança. No seu silêncio, Ele é sua voz. Na sua solidão, Ele é sua companhia.
Não se feche. O inimigo se aproveita do isolamento para enfraquecer a fé. Abra o coração a Deus em primeiro lugar, Ele é a Rocha eterna. E ore para que Ele lhe mostre uma pessoa confiável. Às vezes, essa pessoa já está ao seu redor, mas o medo impede que você veja. Deus não somente cura, Ele também envia instrumentos de cura.
Seja prudente, mas não endureça. Seja discreto, mas não insensível. O que você sente é real, mas o que Deus pode fazer com essa dor também é. Ele transforma dores em testemunhos, choros em cânticos, e noites escuras em manhãs de renovo. Ainda existem ouvidos que sabem ouvir, mãos que sabem ajudar e corações que sabem guardar.

“Venham a mim todos vocês que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso.” (Mateus 11.28)

Esse descanso não é somente físico, é descanso para a alma, descanso para quem chorou muito e falou pouco. Ele ainda acalma o mar interior. Ele ainda restaura o ministério ferido. Ele ainda ergue os joelhos que vacilam. Ele ainda envia socorro, sempre no tempo certo.

— Rafael Assiz 


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