O CORAÇÃO QUE ORA COM A BOCA FECHADA
O CORAÇÃO QUE ORA COM A BOCA FECHADA
Quantas vezes você orou com a boca… mas seu coração estava travado? São homens e mulheres que carregam a Bíblia na mão, mas têm o coração travado por dentro, como se vivessem em preto e branco. Não porque faltasse fé, mas porque o brilho da vida foi se apagando com o tempo. Sentem-se divididos: uma parte ama a Deus sinceramente, mas a outra parte está cansada, sufocada, esmagada pelo peso de pecados não confessados, dores não tratadas e culpas que a alma já tentou enterrar. O rosto mostra firmeza, mas por dentro a alma se arrasta. Estão ali, presentes, mas não inteiros. A verdade é que muitos estão travados espiritualmente, não porque não conhecem a Palavra, mas porque aprenderam a esconder o que sentem com medo de parecer fracos. São pessoas que vivem uma guerra invisível entre o altar e o abismo, entre a adoração pública e o vazio privado, entre a busca por santidade e a vergonha de ainda tropeçar. E é nesse estado que a fé se torna preto e branco: a oração vira rotina, o louvor perde cor, a vida perde o frescor da graça. Como Paulo, muitos poderiam dizer: “Pois não faço o bem que desejo, mas o mal que não quero, esse eu continuo a fazer” (Romanos 7:19). O maior perigo hoje não é cair, é aprender a fingir. Fingir que está tudo bem, quando por dentro a alma grita por socorro. Mas Deus não quer atuação. Deus quer a verdade. Ele diz: “Filho meu, dá-me o teu coração” (Provérbios 23:26). E isso significa entregar não o coração religioso, mas o coração real, ferido, confuso, exausto, o coração que ninguém vê, mas que Ele conhece. A graça de Deus não cura o que você finge, ela cura o que você revela. É preciso rasgar o véu da aparência e se render. Dizer: “Senhor, aqui está o que sou. Me liberta. Me restaura.” Porque o céu não responde a discursos decorados, mas a corações quebrantados. E se você chegou até aqui com o peito pesado, saiba: você não está sozinho. Você está vivo. E, porque está vivo, ainda há tempo de voltar. A cruz continua aberta. O amor ainda chama. E você não nasceu para viver travado. Você nasceu para ser cheio do Espírito e caminhar em cores.
O silêncio emocional e espiritual prolongado é terreno fértil para adoecimento da alma. Guardar mágoas, pecados ou dores antigas sem nomear e sem tratar não é sinal de força, é um caminho lento de autossabotagem espiritual. O Evangelho não exige perfeição, exige entrega. E a verdadeira libertação começa quando temos coragem de sermos sinceros com Deus, conosco e com alguém que pode nos ouvir com graça. A cura não vem do esforço de esconder, mas da coragem de expor, de confessar e de permitir que a luz de Cristo toque até as zonas mais sombrias da alma. Não viva em preto e branco quando Deus te chamou para andar na luz.
— Rafael Assiz
@rafaelassiz
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