A CEIA DO CORDEIRO
A CEIA DO CORDEIRO
No silêncio sagrado entre o pão partido e o cálice erguido, revela-se o mistério do Deus que se fez carne, que se entregou como resgate e que, com mãos marcadas pelo amor eterno, selou uma nova e perfeita aliança com o seu povo.
Este é um momento decisivo na história da redenção. Não se trata de um mero símbolo, tampouco de uma encenação ritual. É sacramento — graça visível, alimento para a alma. Cristo não nos foi dado somente uma vez; Ele se oferece continuamente. Em cada Ceia, o véu do tempo parece rasgar-se, e somos conduzidos ao pé da cruz. Assim, a Ceia não é uma memória fria, mas comunhão viva com o Cristo ressuscitado.
Nesta mesa, a eternidade invade o tempo, e à Terra toca o Céu. O Espírito Santo — como fogo que une os discípulos — aplica hoje, aos nossos corações, tudo o que Cristo consumou na cruz. Ele nos conduz à mesa, não como espectadores, mas como participantes do banquete da graça.
A Ceia é proclamação da obra redentora de Cristo até que Ele venha. Ela nos transporta ao passado, ao Gólgota; nos ancora no presente, na comunhão dos santos; e nos projeta ao futuro, para o grande banquete das bodas do Cordeiro. No sacramento, o invisível se torna visível, o eterno penetra o tempo, e a graça se expressa de forma sensível.
Somos como os primeiros discípulos: frágeis, imperfeitos, temerosos — mas amados, redimidos e convidados à mesa. Chegamos não por mérito, mas por pura graça. E toda vez que comemos do pão e bebemos do cálice, proclamamos, com toda a criação: Cristo morreu, Cristo ressuscitou, Cristo voltará.
Num mundo fragmentado pela vaidade, pela pressa e pela superficialidade, a Ceia do Senhor nos recentraliza. Ela nos coloca de joelhos diante do Cordeiro que foi morto, e nos levanta renovados para viver em santidade. O verdadeiro conhecimento não está em sistemas complexos, mas em conhecer a Cristo crucificado — “o poder de Deus e a sabedoria de Deus” (1Co 1:24).
O Céu é um mundo de amor. A Ceia é seu ensaio terreno. Nela, amamos a Cristo e uns aos outros com o amor que d’Ele recebemos primeiro. E nela, estamos satisfeitos — não pelo que recebemos, mas por Aquele que se entregou. Ele está presente. E Ele voltará!
— Rafael Assiz
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